O CUIDADO ESPECIAL DE DEUS PARA OS POBRES
NO VELHO TESTAMENTO
É boa nova que Deus, o Criador todo-poderoso, é o defensor dos fracos e humildes. “Pai para os órfãos e defensor das viúvas é Deus em sua santa habitação. Deus dá um lar aos solitários, liberta os presos para a prosperidade mas os rebeldes vivem em uma terra árida” (Salmo 68.5-6). O Salmo 146.9 repete esse tema: “O Senhor protege o estrangeiro e sustém o órfão e a viúva, mas frustra o propósito dos ímpios”. Ele ouviu os clamores para justiça de Abel e Nabote. Para Caim, Deus disse: “Da terra o sangue do seu irmão está clamando” (Gênesis 4.10). Séculos depois, Deus disse a Elias: “Vá encontrar-se com Acabe, o rei de Israel… Agora ele está na vinha de Nabote, para tomar posse dela. Diga-lhe que assim diz o Senhor: ´Você assassinou um homem e ainda se apossou de sua propriedade? … No local onde os cães lamberam o sangue de Nabote, lamberão também o seu sangue; isso mesmo, o seu sangue´” (1 Reis 21.18-19).
Ser rico, poderoso e favorecido e além disso ser orgulhoso é muito perigoso. Deus não tolera ninguém tomar o seu lugar de honra. Ana, a mãe de Samuel, triste e angustiada, clamou a Deus por um filho. O Senhor ouviu a sua oração e, ela em gratidão, louvou a Deus:
“O Senhor é quem dá pobreza e riqueza; ele humilha e exalta. Levanta do pó o necessitado e do monte de cinzas ergue o pobre; ele os faz sentar-se com príncipes e lhes dá lugar de honra” (1 Samuel 2.7-8).
Surpreendida pelo anúncio do anjo Gabriel de que ela seria a mãe do Filho do Altíssimo, aquele que receberia o trono do reino eterno prometido ao seu pai Davi, Maria cantou: “(Deus) Derrubou governantes dos seus tronos, mas exaltou os humildes. Encheu de coisas boas os famintos, mas despediu de mãos vazias os ricos” (Lucas 1.52-53). No final da parábola dos trabalhadores na vinha Jesus disse que “os últimos serão primeiros e os primeiros serão últimos” (Mateus 20.16). Veja também Mateus 19.30, Marcos 10.31 e Lucas 13.30. De fato, Jesus disse que aquele que quisesse ser o maior no reino deveria ser servo de todos (Marcos 9.35). Seu irmão Tiago, que se tornou um dos principais líderes da igreja de Jerusalém, escreveu:
“O irmão de condição humilde deve orgulhar-se quando estiver em elevada posição. E o rico deve orgulhar-se caso passe a viver em condição humilde, porque o rico passará como a flor do campo. Pois o sol se levanta, traz o calor e seca a planta; cai então a sua flor, e a sua beleza é destruída. Da mesma forma o rico murchará em meio aos seus afazeres” (Tiago 1.9-11).
O despojamento dos ricos e poderosos é encarado como uma grande libertação e salvação de Israel do Egito. Deus apareceu a Moisés na sarça ardente ao pé do Monte Sinai e disse: “De fato tenho visto a opressão sobre o meu povo no Egito, tenho escutado o seu clamor, por causa dos seus feitores, e sei quanto eles estão sofrendo. Por isso desci para livrá-los das mãos dos egípcios e tirá-los daqui para uma terra boa e vasta, onde manam leite e mel” (Êxodo 3.7-8). Depois que viu os poderosos milagres de Deus realizados por meio de Moisés e sofreu o empobrecimento da sua terra e a perda de seu primogênito, o Faraó finalmente estava disposto a soltar Israel da escravidão.
E Israel não saiu de mãos vazias. Deus assegurou que fossem pagos por seus anos de escravidão. Após a última praga, a morte do primogênito, os egípcios literalmente expulsaram seus escravos. Ao sair, os israelitas “pediram aos egípcios objetos de prata e de ouro, bem como roupas. O Senhor concedeu ao povo uma disposição favorável da parte dos egípcios, de modo que lhes davam o que pediam; assim eles despojaram os egípcios (Êxodo 12.35-36).
Portanto, se o Egito foi abatido e Israel foi exaltado por sua libertação pela misericórdia e poder do Senhor, ele nunca deve esquecer de Deus, e oprimir os pobres e os fracos. Se Deus se opõe aos orgulhosos, Israel nunca deve se orgulhar na prosperidade proporcionada por Deus. Esse orgulho provocaria Deus a se tornar seu inimigo para ensinar-lhe humildade.
Na legislação que deu a Israel no Monte Sinai, no deserto, através de Moisés, Deus fez providência especial para os fracos, os levitas que não tinham herança de terra, as viúvas, os órfãos e o estrangeiro que vivia no meio do povo. Deus disse: “Não maltratem nem oprimam o estrangeiro, pois vocês foram estrangeiros no Egito” (Êxodo 22.21).
“Ao final de cada três anos, tragam todos os dízimos da colheita do terceiro ano, armazenando-os em sua própria cidade, para que os levitas, que não possuem propriedade nem herança, os estrangeiros, os órfãos e as viúvas que vivem na sua cidade venham comer e saciar-se, e para que o Senhor, o seu Deus, os abençoe em todo o trabalho das suas mãos” (Deuteronômio 14.28-29).
“Quando fizerem a colheita da sua terra, não colham até as extremidades da sua lavoura, nem ajuntem as espigas caídas da sua colheita. Deixem-nas para o necessitado e para o estrangeiro. Eu sou o Senhor, o Deus de vocês” (Levítico 23.22). “Se alguém do seu povo empobrecer e não puder sustentar-se, ajudem-no como se faz ao estrangeiro e ao residente temporário, para que possa continuar a viver entre vocês” (Levítico 25.35). “Se houver algum israelita pobre, … não endureçam o coração, nem fechem a mão para com o seu irmão pobre. Ao contrário, tenham mão aberta e emprestem-lhe liberalmente o que ele precisar” (Deuteronômio 15.7-8).
“Não se aproveitem do pobre e necessitado, seja ele um irmão israelita ou um estrangeiro que viva numa das suas cidades. Paguem-lhe o seu salário diariamente, antes do por do sol, pois ele é necessitado e depende disso. Se não, ele poderá clamar ao Senhor contra você, e você será culpado de pecado” (Deuteronômio 24.14-15).
As viúvas Noemi e Rute se beneficiaram da fidelidade de um rico proprietário em Belém, chamado Boaz (Rute 2.2-9). Provérbios 14.31 diz: “Oprimir o pobre é ultrajar o seu Criador, mas tratar com bondade o necessitado é honrar a Deus.”
No quinquagésimo ano, o ano do Jubileu, os israelitas que perderam suas terras, que era sua herança do Senhor, por causa da pobreza ou porque as venderam para pagar uma dívida, tiveram suas dívidas canceladas. Os que se venderam à escravidão para pagar uma dívida receberam sua liberdade e puderam retornar à suas terras (Levítico 25.13; 28 e 54). Deus considerou a terra dele e o povo inquilino, como se fosse imigrante e estrangeiro (Levítico 25.23). Mesmo sendo vendidos em servidão, eles não podiam ser feitos como escravos, mas como trabalhadores contratados (Levítico 25.40).
Nos dias de Isaías, o povo se queixou por que Deus não os estava auxiliando, apesar de oferecerem sacrifícios e de jejuarem com orações. A resposta de Deus a essa queixa foi: “No dia do seu jejum vocês fazem o que é do agrado de vocês, e exploram os seus empregados” (Isaías 58.3). Ele continuou:
“O jejum que desejo não é este: soltar as correntes da injustiça, desatar as cordas do jugo, pôr em liberdade os oprimidos e romper todo jugo? 7 Não é partilhar sua comida com o faminto, abrigar o pobre desamparado, vestir o nu que você encontrou, e não recusar ajuda ao próximo? 8 Aí sim, a sua luz irromperá como a alvorada, e prontamente surgirá a sua cura; a sua retidão irá adiante de você, e a glória do Senhor estará na sua retaguarda. 9 Aí sim, você clamará ao Senhor, e ele responderá; você gritará por socorro, e ele dirá: Aqui estou” (Isaías 58.6-7 e 9a).
Salmo 41.1 assegura aos que demonstram misericórdia, “Bem-aventurados os que consideram os fracos; o Senhor os livra em tempos de angústia.”Em sua oração na dedicação do templo, Salomão pediu:
“Quanto ao estrangeiro, que não pertence a Israel, o teu povo, e que veio de uma terra distante por causa do teu grande nome, da tua mão poderosa e do teu braço forte; quando ele vier e orar voltado para este templo, 33 ouve dos céus, lugar da tua habitação, e atende o pedido do estrangeiro, a fim de que todos os povos da terra conheçam o teu nome e te temam, como faz Israel, o teu povo, e saibam que este templo que construí traz o teu nome” (2 Crônicas 6.32-33).
Embora Salomão tenha recebido a rainha de Sabá e a tratado com hospitalidade real, ele não tratou os cananeus que ainda viviam na terra com o mesmo respeito. Ele os recrutou para trabalho forçado, uma prática que continuou até a época do cativeiro (2 Crônicas 8.7-8). Ele não apenas oprimiu os cananeus, mas também aproveitou seus companheiros israelitas. Para construir o templo, e provavelmente seus outros projetos, incluindo palácios e cidades, ele arregimentou 30.000 trabalhadores de todo o Israel e os enviou em turnos de dez mil por mês para trabalhar no Líbano. Ele tinha 70.000 transportadores e 80.000 pedreiros nas colinas. Adonirão chefiava o trabalho e os capatazes que, por sua vez, supervisionaram o trabalho forçado (1 Reis 5.13-16). Depois que Salomão morreu, as tribos do norte, sob a liderança de Jeroboão, pediram que seu filho Roboão “aliviasse o trabalho duro e o jugo pesado” que sofreram durante o reinado de seu pai.
As tribos do norte foram arrancadas fora da linhagem de Davi porque Salomão se casou com esposas estrangeiras e adorou seus ídolos (1 Reis 11.1-5 e 11). Deus usou a agitação social provocada pela opressão das tribos, fora da tribo de Judá, para provocar isso.
Numa era de aparente prosperidade, no reinado de Jeroboão II de Israel, Amós falou contra a opressão dos pobres:
“Por três transgressões de Israel, e ainda mais por quatro, não anularei o castigo. Vendem por prata o justo, e por um par de sandálias o pobre. Pisam a cabeça dos necessitados como pisam o pó da terra, e negam justiça ao oprimido” (Amós 2.6-7).
Até as mulheres ricas e privilegiadas foram repreendidas: “Ouçam esta palavra, vocês, vacas de Basã que estão no monte de Samaria, vocês, que oprimem os pobres e esmagam os necessitados e dizem aos senhores deles: “Tragam bebidas e vamos beber!” (Amós 4.1). Ele advertiu que chegaria o dia em que elas seriam levadas (para cativeiro) com anzóis (Amós 4.2). O Senhor continua sua acusação contra Israel:
“Vocês oprimem o pobre e o forçam a dar-lhes o trigo. Por isso, embora vocês tenham construído mansões de pedra, nelas não morarão; embora tenham plantado vinhas verdejantes, não beberão do seu vinho” (Amós 5.11).
Ele implorou: “Busquem o bem, não o mal, para que tenham viva” (Amós 5.14). “Em vez disso, corra a retidão como um rio, a justiça como um ribeiro perene!” (Amós 5.24).
No período perigoso antes da queda de Jerusalém, o rei Zedequias fez um pacto com o povo da cidade para proclamar o Jubileu, liberdade para os escravos. Porém o rei e os ricos da cidade mudaram de ideia e forçaram os pobres de volta à escravidão. A palavra do Senhor veio a Jeremias: “Portanto, assim diz o Senhor: ‘Vocês não me obedeceram; não proclamaram libertação cada um para o seu compatriota e para o seu próximo. Por isso, eu agora proclamo libertação para vocês’, diz o Senhor, ‘pela espada, pela peste e pela fome’” (Jeremias 34.17). Em poucos anos, a riqueza, o poder e o privilégio dos ricos foram totalmente destruídos pelas forças sitiantes de Nabucodonosor.
Quando Davi estava enfrentando um grande perigo, possivelmente quando estava fugindo da ameaça mortal do rei Saul e, mais tarde, de seu próprio filho Absalão, Davi se humilhou como um pobre quando fez seu apelo a Deus: “Quanto a mim, sou pobre e necessitado, mas o Senhor preocupa-se comigo. Tu és o meu socorro e o meu libertador; meu Deus, não te demores!” (Salmo 40.17). Mesmo como rei no auge do sucesso e do poder, ele entendeu que Deus tomava o lado dos pobres. Natã veio a ele com uma parábola de um homem rico que roubou o único cordeirinho de um homem pobre. Ao tomar Bate-Seba e matar seu marido, David estava pisando nos direitos dos pobres. Condenado por seu pecado, sem inocência para se apoiar, e completamente quebrantado, Davi implorou a Deus por perdão (Salmo 51) e o Senhor lhe respondeu graciosamente (Salmo 32). Ele sabia em seu coração que Deus era o defensor dos fracos e dos pobres.
Quando falamos sobre o cuidado especial de Deus pelos pobres no Antigo Testamento, precisamos nos lembrar de que Deus também chama os pobres à responsabilidade moral. Eles não são meramente vítimas de abuso ou negligência. Deus chama todos, ricos e pobres, para serem santos e justos. Na lei de Israel, Deus se revela justo. Ele diz ao seu povo: “Não cometam injustiça num julgamento; não favoreçam os pobres, nem procurem agradar os grandes, mas julguem o seu próximo com justiça” (Levítico 19.15). Esta é uma advertência para todos nós, envolvidos no ministério aos pobres que não devemos desculpar o pecado deles. Sabemos que circunstâncias podem influenciar uma pessoa a se envolver em atividade criminosa. Uma criança pode crescer sem a presença, amor e orientação de seu pai, mas isso não desculpa sua desobediência e desrespeito à mãe. “Quem despreza a disciplina cai na pobreza e na vergonha, mas quem acolhe a repreensão recebe tratamento honroso” (Provérbios 13.18).
Muitos pobres estão sofrendo as consequências de sua própria loucura. Preguiça e negligência levarão um indivíduo à pobreza (Provérbios 6.9-11; 10.4-5). “Todo trabalho árduo traz proveito, mas o só falar leva à pobreza” (Provérbios 14.23). Além disso, o continuar numa vida de pecado não recebe a bênção de Deus. “Quem esconde os seus pecados não prospera, mas quem os confessa e os abandona encontra misericórdia. Como é feliz o homem constante no temor do Senhor! Mas quem endurece o coração cairá na desgraça” (Provérbios 28.13-14).
Por outro lado, se tivermos escapado das consequências de nosso pecado, nunca devemos nos gabar do desaventura de outros, para que não soframos o castigo de Deus em nossa vida (Provérbios 17.5). Uma vez eu ri quando meu irmão foi punido. O que minha mãe fez? Ela me pegou pelo braço e me puniu também. Israel foi punido por sua idolatria, mas as nações que a desprezavam e se vangloriavam dela também entraram em condenação.
Contudo, Deus é misericordioso com aqueles a quem humilhou. Ele permitiu que sofressem as consequências da sua loucura; mas, ele salva e redime os que o invocam em seus problemas (Salmo 107.6; 13; 19; 28 e 41). Podemos pensar: “Eles estão recebendo o que merecem”, mas devemos ter cuidado para não nos orgulhar e então sofrer o mesmo castigo. Precisamos nos humilhar diante de Deus e imitar seus caminhos de perdão e compaixão pelos outros.
O cuidado especial de Deus pelos pobres e necessitados continua sendo revelado no Novo Testamento. Além de escrever mais do Novo Testamento do que qualquer outro escritor, Lucas também destaca a preocupação especial que Deus tem pelos pobres mais do que qualquer outro. Como um bom repórter, Lucas desenvolve a sua mensagem pela maneira que seleciona e relata histórias transmitidas por testemunhos oculares (Lucas 1.2; Atos 1.1). Juntamente com as testemunhas, ele é um “servo da palavra” (Lucas 1.2), não um criador dela.
O que está fazendo Deus ao enviar seu Filho ao mundo? Seu propósito para a salvação do mundo é apresentado em termos de amor e preocupação pelos fracos, desamparados e caídos, todos aqueles derrotados por seu grande inimigo, Satanás. Satanás, o enganador, se exaltou com o propósito de tomar o lugar de Deus. Como o rei de Tiro, Satanás, cheio de orgulho, disse: “Sou um deus; sento-me no trono de um deus no coração dos mares” (Ezequiel 28.2). Por causa de seu orgulho, pecado e violência, Deus o derrubou (Ezequiel 28.16). Deus fez o mesmo com todos os outros reinos antigos, incluindo o governo corrupto em Jerusalém, que se enfureceu contra o povo de Deus [nota de rodapé: Isaías 13-24; Jeremias 46-51; Ezequiel 27-32). Derrubando os orgulhosos, Deus está abrindo um lugar para que os pobres e humildes prosperem.
Maria, mãe de Jesus, uma jovem virgem recebeu a visita do anjo Gabriel, que anunciou o nascimento de um filho através da concepção do Espírito Santo (Lucas 1.35). Ao instruir-lhe a dar o nome Jesus a seu filho, o anjo disse, “Ele será grande e será chamado Filho do Altíssimo. O Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi, e ele reinará para sempre sobre o povo de Jacó; seu Reino jamais terá fim” (Lucas 1.31-33). Foi isso o que Maria celebrou em cântico quando visitou sua parente Isabel, a mãe de João Batista: “O meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador, pois ele atentou para a humildade da sua serva [Isto é Maria]… Derrubou governantes dos seus tronos, mas exaltou os humildes. Encheu de coisas boas os famintos, mas despediu de mãos vazias os ricos” (Lucas 1.46-47 e 52-53).
Lucas continua sua narrativa. No início de seu ministério, Jesus definiu o propósito do seu ministério citando um texto do profeta Isaías. Jesus “foi a Nazaré, onde havia sido criado, e no dia de sábado entrou na sinagoga, como era seu costume” (4.16). Lá, foi-lhe entregue o livro do Profeta Isaías, e abriu-o à passagem de 61.1-2:
“O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me ungiu para pregar boas novas aos pobres. Ele me enviou para proclamar liberdade aos presos e recuperação da vista aos cegos, para libertar os oprimidos e proclamar o ano da graça do Senhor” (Lucas 4.18-19).
Jesus se referiu a esse mesmo tema quando João Batista, da prisão, enviou lhe mensageiros. João, ouvindo de tudo o que Jesus estava fazendo, enviou dois de seus discípulos a Jesus, perguntando: “És tu aquele que haveria de vir ou devemos esperar algum outro?” (Lucas 7.19). Repare a resposta de Jesus: “Voltem e anunciem a João o que vocês viram e ouviram: os cegos vêem, os aleijados andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos são ressuscitados e as boas novas são pregadas aos pobres” (Lucas 7.22-23; Mateus 11.2-4).
A ênfase de Lucas nos pobres pode ser vista comparando seu registro das bem-aventuranças com o de Mateus. Enquanto Mateus interpreta o significado espiritual da primeira e da quarta bem-aventuranças, “Bem-aventurados os pobres em espírito… Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça” (Mateus 5.3-6), Lucas simplesmente escreve: “Bem-aventurados vocês, os pobres… Abençoados vocês que agora têm fome” (Lucas 6.20,21). Os pobres, aqueles que têm fome e sede, que buscam a Deus, pertencem ao reino. Todas as suas necessidades serão satisfeitas, como Jesus disse: “Peçam, e lhes será dado; busquem, e encontrarão; batam, e a porta lhes será aberta” (Lucas 11.9; Mateus 7.7). A primeira e maior dádiva é o Espírito Santo (Lucas 11.13), mas também está incluído o nosso bem-estar físico e emocional. “Não busquem ansiosamente o que comer ou beber; não se preocupem com isso … Busquem, pois, o Reino de Deus, e essas coisas lhes serão acrescentadas” (Lucas 12.29; 31; Mateus 6.31-33).
Incluídas no Sermão da Montanha, conforme Lucas, estão estas palavras: “Não tenham medo, pequeno rebanho, pois foi do agrado do Pai dar-lhes o Reino. Vendam o que tem e deem esmolas. Façam para vocês bolsas que não se gastem com o tempo, um tesouro nos céus que não se acabe” (Lucas 12.32-33).
Um fariseu ficou surpreso que Jesus não lavou [suas mãos, Marcos 7.2 e sgs]. Então Jesus explicou que o que está dentro do coração revela se alguém está impuro ou puro. “Mas deem o que vocês têm como esmola, e verão que tudo lhes ficará limpo” (Lucas 11.41).
Lucas diz que em outra ocasião, quando Jesus e seus discípulos estavam na casa de um fariseu para comer, Jesus disse-lhe:
“Quando você der um banquete ou jantar, não convide seus amigos, irmãos ou parentes, nem seus vizinhos ricos; se o fizer, eles poderão também, por sua vez, convidá-lo, e assim você será recompensado. Mas, quando der um banquete, convide os pobres, os aleijados, os mancos, e os cegos. Feliz será você, porque estes não têm como retribuir. A sua recompensa virá na ressurreição dos justos” (Lucas 14.12-14).
Isso reflete o desejo de Deus de que os pobres estejam à mesa no banquete da salvação (Lucas 12.23).
Todos os Evangelhos sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas) contam a história de um jovem rico e importante. Ele tinha tudo o que o mundo oferecia: riqueza, juventude e posição. Além disso, ele possuía uma rica herança baseada nos mandamentos do Senhor; porém, ainda não se-sentiu satisfeito. Jesus lhe disse: “Falta-lhe ainda uma coisa. Venda tudo o que você possui dê o dinheiro aos pobres e você tera um tesouro nos céus” (Lucas 18.22). Ao ouvir isso, o homem ficou triste e saiu.
Uma pessoa que ouviu a mensagem de Jesus e a levou a sério foi Zaqueu, um chefe dos publicanos (cobradores de impostos). Foi um homem de posição, um supervisor de outros publicanos e rico (Lc 19.1-2). Quando Jesus expressou o seu desejo de ir para sua casa, ele imediatamente desceu da árvore e acolheu Jesus de bom grado (Lc 19.6). Em resposta à mensagem de Jesus, ele respondeu: “Olha, Senhor! Estou dando a metade dos meus bens aos pobres; e se de alguém extorqui alguma coisa, devolverei quatro vezes mais”. Jesus lhe disse: “Hoje houve salvação nesta casa!” (Lucas 19.8-9).
Ambos, Marcos e Lucas, contam da oferta da viúva de duas pequenas moedas de cobre. Qual foi o valor que Jesus deu a isso? Ele disse: “Esta viúva pobre colocou mais do que todos os outros … ela, da sua pobreza, deu tudo o que possuía para viver” (Lucas 21.3-4; Marcos 12.42-44).
Jesus contou uma parábola sobre um homem rico que ignorou um mendigo repugnante (“coberto de feridas”) ao seu portão. Lázaro recebeu um nome cujo significado é “ajudado por Deus”. Sem nome específico, o homem rico tinha unicamente um só apoio, a sua riqueza, e essa foi retirada com a morte. Embora rejeitado pelos homens nesta vida, Lázaro não foi esquecido por Deus na hora da morte. Ele foi levado para o lado de Abraão, enquanto o rico foi abandonado para o tormento de Hades, o reino dos mortos perdidos. Jesus sugeriu que, se tivesse ouvido Moisés e os Profetas, as escrituras do Antigo Testamento, e se tivesse se preocupado com a situação dos pobres (Lucas 16.29), ele não teria ficado atormentado.
E não devemos omitir a Parábola do Bom Samaritano, que ensina que nosso próximo é qualquer pessoa em necessidade. Devemos amar nosso próximo, especialmente um necessitado, como gostaríamos de ser tratados se nós estivessimos em uma situação simelhante. O samaritano foi “o próximo” do homem assaltado e espancado por ladrões porque teve piedade dele. Jesus disse: “Vá e faça o mesmo”. (Lucas 10.37).
Jesus disse:
“Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu lhes darei descanso. Tomem sobre vocês o meu jugo e aprendam de mim, pois sou manso e humilde de coração e vocês encontrarão descanso para as suas almas. Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve” (Mateus 11.28-30).
Para pessoas cansadas e famintas, Jesus multiplicou cinco pães e dois peixes que ele partiu, deu graças e deu a seus discípulos para distribuírem a uma multidão de pelo menos 5.000 homens (Mateus 14.21). O povo entendeu o significado disso. Eles pediram mais outro sinal: “Que sinal miraculoso mostrarás para que o vejamos e creiamos em ti? O que farás? Os nossos antepassados comeram o maná no deserto” (João 6.30-31). Infelizmente, eles queriam mais comida perecível, enquanto Jesus estava oferecendo-lhes a si mesmo, o verdadeiro pão do céu, o pão da vida (João 6.32 e 35). Quem crê nEle viverá para sempre (João 6.51).
Mateus registra o último discurso principal de Jesus antes da sua traição, sofrimento e morte. Finalizando esse discurso Jesus falou sobre seu retorno em glória para sentar-se no seu trono para julgar. Como um pastor separa as ovelhas das cabras, assim Jesus separará aqueles que foram seus seguidores daqueles que não foram. Sobre suas ovelhas, seus seguidores, ele diz:
“Então o Rei dirá aos que estiverem à sua direita: ‘Venham, benditos de meu Pai! Recebam como herança o Reino que lhes foi preparado desde a criação do mundo. Pois eu tive fome e vocês me deram de comer; tive sede e vocês me deram de beber; fui estrangeiro e vocês me acolheram; necessitei de roupas e vocês me vestiram; estive enfermo e vocês cuidaram de mim; estive preso e vocês me visitaram’” (Mateus 25.34-36).
A igreja cristã, formada como resultado do derramamento do Espírito Santo no dia de Pentecostes, tinha como uma das suas marcas identificadoras a venda de suas propriedades e posses, a fim de dar a quem precisasse (Atos 2.45). O que Israel não fez quando ignorou a Lei do Jubileu (Levítico 25.8-55) a igreja fez pelo poder do Espírito. A cada cinquenta anos, Israel não tocava a trombeta em todos os lugares da terra para proclamar liberdade a todos (25.9-10). Os escravos não foram libertos. A terra que um israelita foi forçado a vender para pagar dívidas não foi resgatada e devolvida à família. As dívidas não foram canceladas e a terra não recebeu descanso. Em suma, os pobres não foram acudidos, mas explorados.
Isso mudou, porém, no dia de Pentecostes, quando o Espírito Santo foi derramado. Os apóstolos receberam a liberdade e poder para testemunhar sobre a ressurreição de Cristo (Atos 1.8). Aqueles que retornaram a Deus e foram batizados “se dedicavam ao ensino e à comunhão dos apóstolos, ao partir do pão e às orações” … Os que criam mantinham-se unidos e tinham tudo em comum” (Atos 2.42 e 44).
Com o créscimo de até mais do que cinco mil homens (Atos 4.4) que se tornaram discípulos, alguns dos necessitados foram ignorados. Uma razão disso foi uma certa discriminação étnica, pois as ignoradas foram as viúvas que falavam a língua grega. Quando os judeus helenistas (de língua grega) se queixaram dos judeus hebraicos porque suas viúvas estavam sendo negligenciadas na distribuição diária de alimentos, os apóstolos não ignoraram a queixa. Os clamores dos fracos e marginalizados foram ouvidos. Os apóstolos nomearam diáconos, líderes com nomes gregos, para administrar a distribuição diária de alimentos. (Atos 6.1-6).
Dorcas, a quem Pedro ressuscitou da morte, “se dedicava a praticar boas obras e dar esmolas” (Atos 9.36). Fazer mantos e outras roupas foi apenas uma das maneiras pela qual ela ajudou as viúvas (Atos 9.39). O centurião Cornélio, que com toda a sua família (família e servos) era devoto e temia a Deus, deu generosamente aos necessitados e orou a Deus continuamente (Atos 10.2). Ao ouvir a mensagem de Pedro, ele e sua família receberam o derramamento do Espírito Santo e foram batizados (Atos 10.44-48), apesar de serem gentios.
O apóstolo Paulo se preocupou com a divisão na igreja de Corinto manifestada pela exclusão dos pobres quando se reunia para a festa de amor, a celebração da ceia da comunhão em memória do Senhor Jesus. Ele escreveu: “Cada um come sua própria ceia sem esperar pelos outros. Assim, enquanto um fica com fome, outro se embriaga” (1 Coríntios 11.21). Eles não estavam discernindo o “corpo do Senhor” e, em consequência, estavam comendo e bebendo “para sua própria condenação” (1 Coríntios 11.29). Os ricos agiram como uma elite em um banquete, tratando os outros como “servos” que estavam esperando a sua vez. Estes não foram tratados como irmãos e irmãs de uma família, compartilhando juntos como iguais, todos sendo pecadores redimidos pelo sangue de Jesus e participantes dos benefícios de sua oferta na cruz.
Paulo também dedicou dois capítulos da sua segunda carta à igreja de Corinto, exortando-os a contribuir liberalmente para a oferta levantada pelas igrejas gentias “para os pobres entre os santos de Jerusalém” (2 Coríntios 8-9, Romanos 15.26, Atos 24.17). Quando surgiu a questão do batismo dos gentios sem que antes fossem primeiro circuncidados como judeus, o Sínodo em Jerusalém deu sua bênção sobre a prática. Ao relatar essa decisão aos gálatas, Paulo escreveu: “Somente pediram que nos lembrássemos dos pobres, o que me esforcei por fazer” (Gálatas 2.10). Isso não foi relatado nos requisitos finais do Sínodo para as igrejas gentias (Atos 15.29), mas evidentemente foi comunicado aos delegados – Paulo, Barnabé, Judas e Silas – oralmente (Atos 15.27). Não foi escrito, mas Paulo se lembrou disso como uma das coisas mais importantes a se lembrar.
Quando Paulo partiu de Éfeso indo para a Macedônia, ele insistiu que Timóteo ficasse ali (1 Timóteo 1.3) para continuar a ensinar e liderar em questões de culto, a seleção e nomeação de presbíteros e diáconos e muito mais. Ele deveria se dedicar “à leitura pública da Escritura, à exortação e ao ensino” (1 Timóteo 4.13). Ele também deu instruções sobre quais viúvas eram dignas de apoio e o que deveria ser o ministério delas na igreja (1 Timóteo 5.3-16). Recursos financeiros para um ministério desse tipo tinha que vir de algum lugar; então ele diz a Timóteo:
“Ordene aos que são ricos no presente mundo que não sejam arrogantes, nem ponham sua esperança na incerteza da riqueza, mas em Deus, que de tudo nos provê ricamente, para a nossa satisfação. Ordene-lhes que pratiquem o bem, sejam ricos em boas obras, generosos e prontos a repartir. Dessa forma, eles acumularão um tesouro para si mesmos, um firme fundamento para a era que há de vir, e assim alcançarão a verdadeira vida” (1 Timóteo 6.17-19).
É interessante observar que os pobres estavam na mente de Paulo quando ele, pela última vez, instruiu os presbíteros de Éfeso em sua última viagem a Jerusalém. Paulo os lembra de como ele ministrou entre eles e como deixou um padrão a ser imitado. Ele terminou sua mensagem com estas palavras:
“Vocês mesmos sabem que estas minhas mãos supriram minhas necessidades e as de meus companheiros. Em tudo o que fiz, mostrei-lhes que mediante trabalho árduo devemos ajudar os fracos, lembrando as palavras do próprio Senhor Jesus, que disse: ‘Há maior felicidade em dar do que em receber’ (Atos 20.34-35).
Tiago, o irmão de Jesus escreveu, “Se um irmão ou irmã estiver necessitando de roupas e do alimento de cada dia e um de vocês lhe disser: ‘Vá em paz, aqueça-se e alimente-se até satisfazer-se’ sem, porém, lhe dar nada, de que adianta isso? Assim também a fé, por si só, se não for acompanhada de obras, está morta. (Tiago 2.15-17). Ele estava ilustrando o princípio geral, “A religião que Deus, o nosso Pai, aceita como pura e imaculada é esta: cuidar dos órfãos e das viúvas em suas dificuldades e não se deixar corromper pelo mundo” (Tiago 1.27).
O apóstolo João, em sua primeira carta, diz que se compreendermos o amor de Cristo que o levou a dar a sua vida por nós, estaremos prontos a dar a nossa vida por outros crentes.
“Nisto conhecemos o que é o amor: Jesus Cristo deu a sua vida por nós, e devemos dar a nossa vida por nossos irmãos. Se alguém tiver recursos materiais e, vendo seu irmão em necessidade, não se compadecer dele, como pode permanecer nele o amor de Deus? Filhinhos, não amemos de palavra nem de boca, mas em ação e em verdade” (1 João 3.1-18).
JESUS SE FEZ POBRE PARA QUE NOS TORNÁSSEMOS RICOS
Quando falamos sobre pobreza e riqueza, é proveitoso ver quem Jesus era em sua humanidade. Paulo escreveu: “Pois vocês conhecem a graça de nosso Senhor Jesus Cristo que, sendo rico, se fez pobre por amor de vocês, para que por meio de sua pobreza vocês se tornassem ricos.” (2 Coríntios 8.9).
Deixar a glória de sua existência celestial para nascer como criança neste mundo foi um grande passo em sua humilhação no caminho para a cruz. Mas isto não foi tudo. Jesus nasceu em circunstâncias humildes. Não diz na Bíblia que José possuiu um burro no qual a mãe grávida de Jesus cavalgou de Nazaré a Belém. Quando chegaram em Belém, não havia lugar para eles, e por isso Maria deu à luz em um lugar onde os animais se abrigaram, e deitou seu primogênito em uma manjedoura (Lucas 2.7). Seus primeiros visitantes foram pastores rústicos que ouviram falar de seu nascimento por um anjo que lhes apareceu à noite, junto com um coro do exército angelical celestial (Lucas 2.8-20). Quando chegou a hora de Maria passar pelo rito de purificação exigido pela lei, e José e Maria redimir seu filho primogênito, eles apresentaram uma oferta de um par de pombas e dois pombos jovens (Lucas 2.24) porque eles não tinham o dinheiro para comprar um cordeiro sacrifical (Levítico 12.8).
Evidentemente, José e Maria estabeleceram residência em Belém, onde acharam uma casa, e José sustentou a família trabalhando como carpinteiro. Dentro de dois anos (Mateus 2.16), magos do Oriente os visitaram e lhes deram presentes de ouro, incenso e mirra. Mas estes donativos não os tornaram ricos; porque naquela mesma noite, José sendo avisado em um sonho, fugiu para o Egito para escapar da ameaça assassina do rei Herodes. Ali Jesus viveu como refugiado com sua família, entre outros da comunidade judaica.
Quando entrou no ministério, Jesus tomava parte de uma família composta por sua mãe, seus irmãos Tiago, José, Judas, Simão e duas ou mais irmãs (Marcos 6.3). José provavelmente tinha morrido antes. Maria era uma viúva, mas não desamparada, pois tinha filhos que podiam sustentá-la. Jesus era carpinteiro, tendo aprendido o ofício com seu pai. Seus irmãos podiam ter aprendido o mesmo ofício, embora não tenhamos como saber com certeza. Isso os colocou na categoria de trabalhadores por conta própria, não empregados ou arrendatários de um rico fazendeiro.
Durante seu ministério, Jesus e seus discípulos ficaram hospedados em casas de outros (Mateus 10.9-11) e foram sustentados por doações, algumas das quais vieram de mulheres ricas que os acompanharam (Lucas 8.1-3). Judas Iscariotes, atuando como tesoureiro, carregou a bolsa de dinheiro, comprou provisões para o grupo e distribuiu parte dos fundos aos pobres (João 13.29). Ele também roubou dela (João 12.6). As únicas posses de Jesus quando morreu foram as roupas com que se vestia (Mateus 27.35).
Ele nunca usou seu poder divino para adquirir riqueza, prestígio e poder para si ou para seus associados. Tendo visto a multiplicação dos pães e dos peixes, o povo queria fazê-lo rei, mas ele enviou seus discípulos em um barco para o outro lado do mar da Galileia, despediu a multidão e se retirou sozinho a um monte para orar (João 6.15, Marcos 6.45-46).
Quando Jesus novamente entrou em contato com o povo em Cafarnaum, ele explicou por que não ia multiplicar os pães sempre, todos os dias: Ele era o Pão da Vida (João 6.48). Se o maná era um sinal para o povo prestar fidelidade a Deus e no deserto seguir Moisés como seu líder designado, então agora através deste sinal Jesus estava apelando ao povo para segui-lo como Aquele a quem Deus havia enviado para dar-lhes vida eterna (João 6.35-40 e 53-58). Eles queriam que Jesus os servisse e providenciasse por suas necessidades, mas Jesus queria que eles o aceitassem como Senhor e Messias e o seguissem e o servissem.
A vida de Jesus foi um grande contraste com os saduceus, especialmente os da classe sacerdotal, e com os fariseus e os intérpretes da lei, todos com cargos de autoridade, prestígio e poder. Eles desfrutaram da riqueza que veio com sua posição.
Jesus era um pobre plebeu e isso foi um escândalo para os com posição e os seus interesses. Por sua vez, ele viu todos com a perspectiva celestial. Na sua vista todos eram pobres, necessitados, desamparados, coxos, perdidos, estrangeiros, refugiados, miseráveis e pecadores. Ele disse a Nicodemos, o fariseu, um membro de renome do sinédrio, o conselho governante: “Eu lhes falei de coisas terrenas e vocês não creram; como crerão se lhes falar de coisas celestiais?” (João 3.12). Nicodemos precisava nascer de novo. (João 3.3). Ele teve que receber o reino como uma criança (Marcos 10.15). As crianças viram e entenderam. Elas aceitaram sem reservas, sem medir as consequências, confiando implicitamente naquele que os liderava. Por outro lado, os escribas e fariseus eruditos eram “guias cegos” (Mateus 23.16), incapazes de discernir a verdade.
O homem nascido cego, possivelmente um mendigo, foi curado por Jesus. Ele aceitou e defendeu seu curador antes de vê-lo (João 9.31). Então, quando viu Jesus, creu nele (João 9.38). Para os fariseus que estavam observando, Jesus disse: “Se vocês fossem cegos, não seriam culpados de pecado, mas agora que dizem que podem ver, a culpa de vocês permanece” (João 9.41).
Da mesma forma, o homem rico não receberia o “tesouro no céu” a menos que vendesse tudo, desse aos pobres e seguisse a Jesus (Marcos 10.21). Se ele tivesse feito isso, teria recebido cem vezes mais no tempo presente – com perseguições – e na era futura, a vida eterna (Marcos 10.29-30). Ele, como tantos outros, foi cegado pelo mundo – os desejos do homem pecador, a luxúria dos olhos e a vanglória do que ele tem e faz (1 João 2.16).
Esta não era a extensão total da pobreza de Jesus. Isso foi exposto por sua morte ignominiosa. Traído por um de seus discípulos e defendido pela espada de um pescador assustado, Jesus foi preso e levado a julgamento e morte. Até suas roupas foram divididas entre os soldados que o crucificaram. Mas Deus não abandonou seu Filho no reino dos mortos, nem deixou seu Filho fiel ver a corrupção (Salmo 16.10; Atos 2.27; Atos 13.35), mas o ressuscitou da sepultura e deu-lhe toda a autoridade no céu e na terra (Mateus 28.18).
Paulo, em sua carta aos filipenses, nos diz que devemos ter a mesma atitude de Cristo Jesus:
“que, embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens. E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até a morte, e morte de cruz! Por isso Deus o exaltou à mais alta posição e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai” (Filipenses 2: 6-11).
Se foi assim que Deus ouviu a oração do Filho que ele ama, rejeitado e abandonado pelos homens, certamente agora Deus ouvirá nosso pedido de ajuda, considerando seu amor por nós (Efésios 2.4-6). Ele não nos abandonará à morte, mas nos ressuscitará na vinda de Cristo no último dia (1 Tessalonicenses 4.13-17 e 1 Coríntios 15).
