Jesus Como Senhor

POR QUE APRESENTAR JESUS COMO SENHOR?

Nós, cristãos evangélicos da América do Norte, vivemos à luz da Reforma. Damos enfase ao amor e à graça de Deus diante do pecado e da desobediência. Nós pensamos que a população em geral acredita em um criador amoroso, Deus, legislador e juiz. Por causa do nosso pecado temos um sentimento de culpa e medo de morrer. Temos um medo inquieto de um Juízo Final e de um sofrimento eterno no inferno. A boa notícia é que Deus deu seu Filho (João 3.16; Romanos 5.8) como oferta pelo pecado (Isaías 53.5-6; 2 Coríntios 5.21). Visto que Deus é reconciliado e sua ira totalmente satisfeita (2 Coríntios 5.19), ele nos oferece salvação, perdão e comunhão com ele. Isso é um dom gratuito recebido pela fé em Jesus (Efésios 2.1-10). Louvemos a Deus! Nossa culpa é removida e não há mais necessidade de temer punição. Deus nos aceita como nós somos.

Nosso desejo é que as pessoas cheguem a orar, como é conhecida, a Oração do Pecador: “Senhor, confesso que sou um pecador e fiz o que está errado aos teus olhos. Por favor, perdoe-me. Eu creio que Jesus morreu na cruz e pagou o preço do meu pecado. Eu o aceito agora como meu Senhor e Salvador. Por favor, ajude-me a viver ao teu agrado. Obrigado por tua maravilhosa salvação. Amém.”

Baseado nesta oração, asseguramos ao ouvinte que ele é salvo e irá para o céu. Perguntamos: “Onde está Jesus?” Se a pessoa responder: “No céu”, nós responderemos: “Sim, é verdade; mas, também, hoje e para sempre, ele vive em seu coração.” Além disso, asseguramos-lhe que ele agora é irmão ou irmã na fé.

Depois, pedimos que a pessoa leia a Bíblia e ore todos os dias e se torne um participante regular dos cultos de uma igreja que segue a Bíblia. Geralmente, as pessoas ficam surpresas, pois não concordaram com isso quando oraram. Elas não concordaram em se tornarem discípulos e seguidores de Jesus. O que elas queriam era amor, aceitação e perdão. Nós não damos ênfase à necessidade de obedecer à vontade de Deus, porque temos um medo mortal de oferecer salvação baseada em nossas obras da lei. Temos aceito o ensinamento de Paulo em Gálatas que somos salvos à parte das obras da Lei, tanto que relegamos o fruto do Espírito (Gálatas 5. 22-23; Romanos 12.1-2) a uma nota ao pé da página.

Certa vez, encontrei um jovem na rua cujo hálito cheirava a álcool. Pensei que ele pudesse estar vivendo com dúvidas e com um sentimento de fraqueza moral e de culpa. Por isso, lhe perguntei: “Você tem certeza de que, quando morrer, irá para o céu?” O que foi sua resposta? “É, claro: todos vão ao céu.” Então, imediatamente, senti-me obrigado a informá-lo da verdade, das más notícias: Deus não nos aceita se continuarmos apegados à nossa vida de pecado. Aconteceu que foi assim que encerramos nossa conversa. Ele estava determinado a continuar seu modo de viver e também a justificar-se pensando: “Que direito tem esse velho homem para me dizer que tenho que mudar de vida? Esse velho representa um estilo de vida antiquado de um segmento da elite da sociedade. Não tem relevância para mim.”

Eu cheguei à conclusão: Estamos dando a segurança da salvação baseada na recitação da oração do pecador? Esta é a mensagem que a igreja tem dado à nossa geração? É isso que os pregadores da televisão estão oferecendo? É assim que nós, crentes, comunicamos as boas novas às pessoas ao nosso redor? Esta não é nossa intenção, mas parece que é isso que o mundo está ouvindo.

Um amigo me perguntou: “Como você apresenta o evangelho em um mundo que perdeu o senso de culpa, mas está sensível à vergonha?” Eu acredito que ele estava se referindo ao fato de que vivemos numa sociedade onde cada pessoa acredita que têm o direito de determinar o que é certo para si. Num mundo de redes sociais (YouTube, Facebook, WhatsApp) jovens ficam envergonhados por não participarem do “momento”, por não estarem no “grupo”.

A igreja não está imune a isso. Apesar de conhecer as verdades da Bíblia, nós nos apresentamos de uma maneira para agradar a opinão pública. Adotando o ponto de vista da cultura reinante, estamos envergonhados pelos ensinamentos Bíblicos sobre a lei de Deus e o juizo vindouro.

As mulheres se levantaram para desmascarar a impropriedade sexual de homens poderosos, que agora são desgraçados publicamente. Em consequência desse movimento os educadores agora estão perguntando: “Como ensinamos ‘sexo consensual’ a adolescentes no ginásio?”  Há muito tempo o mundo rejeitou a lei de

Deus, ensinada na Bíblia, que as relações sexuais fora da aliança do casamento são pecado e esse adultério inclui luxúria, lascívia e concupiscência (Mateus 5.28). Numa sociedade pluralista esta linguagem é excluída da praça pública e do ensino nas escolas públicas. Agora, a cultura está dizendo, ”Cuidado para não ferir os sentimentos morais de outra pessoa, quaisquer que sejam esses sentimentos no momento.” Tomara que não sejamos envergonhados dos ensinamentos imutaveis cujo origem é divina, não humana.

Refletindo sobre essas coisas, comecei a perceber que não estávamos dando ao arrependimento a importância que a Bíblia dá a ele. Jesus iniciou seu ministério com estas palavras: “O reino de Deus está próximo.” O juízo está próximo “Arrependam-se e creiam nas boas novas” (Marcos 1.15). No dia de Pentecostes, Pedro acusou sua audiência de matar aquele que Deus tinha demonstrado ser o Senhor e o Messias, ressuscitando-o dentre os mortos (Atos 2.36). Então Pedro os chamou à se arrependerem e serem batizados (Atos 2.38). Paulo, em um mundo gentio, chamou os idólatras de Atenas à se arrependerem porque Deus “estabeleceu um dia em que julgará o mundo com justiça por meio do homem que designou” (Atos 17.31).

Arrependimento significa uma mudança de mente e coração. Uma tradução em inglês traduz a palavra grega metanoia com a frase: “abandonar o pecado e virar-se para Deus”. Mas, fundamentalmente, é deixar de servir a deuses falsos (inclusive a si mesmo) para servir ao Deus vivo e verdadeiro. Então, com isso em mente, cheguei à conclusão que deveríamos explicar o evangelho de uma maneira que apresentássemos Jesus antes de tudo. Foi aqui que os apóstolos começaram. Os Evangelhos que temos, creio, foram a primeira apresentação evangelística de Cristo ao mundo, clamando ao povo para deixar a idolatria e servir ao Deus verdadeiro, tornando-se discípulos daquele que Deus enviou para ser o sacrifício expiatório pelos pecados e ao mesmo tempo Senhor de todos. No Último Dia, o dia de Juízo, a ele todos prestarão conta. Essa justiça foi revelada na cruz e na ressurreição, para que algumas pessoas a vissem; mas no Último Dia será revelada a todos os homens, queiram ou não queiram.

Usando a apresentação tradicional do evangelho, é possível deixar intacta a idolatria de nosso ouvinte. Deixe-me ilustrar. Os professores das escolas públicas e a mídia desafiam os jovens: “Torne-se tudo o que você deseja ser.” Assim, o adolescente sai da escola, entra no mundo profissional e, eventualmente, falha em alcançar seu sonho. Com esse sentimento de fracasso, ele ouve um cristão dizer: “Reconheça seu pecado. Jesus morreu para pagar a penalidade do seu pecado. Aceite-o como seu Salvador e Senhor. Confesse seu pecado e professe sua fé em Cristo em oração. ” Nosso ouvinte segue nossa liderança. Ele está liberto para seguir seu sonho sem a escravidão da culpa e vergonha. Ele se sente livre para deixar o passado e se esforçar para superar os desafios futuros.

            Pense em uma situação em que alguém tentava abrir uma empresa de comércio, mas estava falhando. Ele era teimoso, orgulhoso, não disposto a seguir conselhos, egoísta, pródigo com finanças, etc. Ele estava perdendo a família por excesso de trabalho e negligência. Ele reconheceu suas falhas e aceitou a Jesus. Ele confiou em Deus para o sucesso e começou a dedicar mais tempo à família. Então, sua empresa avançou com sucesso. Ele pensou: “Jesus está me ajudando a realizar meu sonho. Louve a Deus!”

            O problema é que o sonho dele é um produto do seu próprio deus — o deus da autodeterminação. “Eu mesmo sou livre para determinar meu destino da maneira que desejo.” Com essa mentalidade, nosso ouvinte está realmente usando Deus como um servo para realizar seus próprios desígnios pessoais. Ele não renunciou ao deus “AUTO”, de SI MESMO. Não se rendeu ao Deus verdadeiro. Ele não está permitindo que o verdadeiro Deus mostre a ele qual é a sua vontade, conforme a revelação na Bíblia.

Nós que afirmamos ser seguidores de Cristo, precisamos examinar a nós mesmos para ver se estamos apegados a algum deus falso, feito por nós mesmos. Então, somos chamados por Cristo para ajudar nosso ouvinte a identificar seu deus criado por ele mesmo, e não confundir isso com o conhecimento do verdadeiro Deus Criador. O problema não é tanto uma falha em relação a pecados específicos, mas uma falha em render-se ao verdadeiro Deus que é legislador e juiz, aquele que se revelou como Salvador e Senhor por meio de seu Filho Jesus Cristo.

  • assim que entendemos o desafio de Jesus: “Se alguém quiser acompanhar-me [ser meu discípulo], negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. Pois quem

quiser salvar a sua vida, a perderá; mas quem perder a sua vida por minha causa e pelo evangelho, a salvará” (Marcos 8.34-35). A renúncia do deus da autodeterminação

  • a renúncia do deus posição, poder e riqueza (Marcos 10.21-23), do deus família (Marcos 10.28-30; Lucas 9.59-62), ou o deus tradição (Marcos 7.6-13). Sem a renúncia do “eu” e a rendição da nossa vida a Jesus, somos filhos de nosso pai, o diabo, o mentiroso e assassino desde o início ” (João 8.42-45). Essa é uma linguagem dura para todos os que são iludidos por sua própria vontade e por sua própria determinação.

            Portanto, considerando essas coisas, queremos voltar a apresentar Jesus como ele mesmo se apresentou: como o cumprimento das boas novas prometidas por Deus através dos profetas. Somos levados ao esboço básico do evangelho, às boas novas, como foi registrado em Marcos quando citou as palavras de Jesus no início do seu ministério: “Chegou a hora. … O reino de Deus está próximo. Arrependam-se e creiam nas boas novas! ” (Marcos 1.15).