ARREPENDIMENTO
Na primeira seção sobre “Você sabia que Jesus trouxe o céu para a terra” explicamos até certo ponto o que significa, “o reino de Deus se aproximou.” Com Jesus, o reino se manifestou de uma maneira nova. Através de seus milagres, Jesus mostrou o poder de Deus; através de seus ensinamentos, ele ensinou como é o viver no reino. Em seu corpo humano, Jesus trouxe o céu à terra. Quando ele começou seu ministério, Jesus estava dizendo: “Observe-me. Ouça os meus ensinamentos. Escute-me. Estou lhe dizendo quem eu sou. Dê-me a honra que eu mereço.” A resposta correta não é exigir mais milagres, mais comida, mais demonstrações de poder e mais curas. A resposta correta não é reunir-se para se revoltar contra os ocupantes romanos do território israelita. A resposta correta é: “Arrependa-se. Creia nas boas novas” Marcos 1.15).
O que Jesus quis dizer ao nos chamar para nos arrependermos? Arrepender-se significa mudar de ideia, mudar a direção de nossa vida, mudar nossa lealdade e cidadania. Arrependimento significa mudar de seguir deuses falsos para seguir o Deus verdadeiro.
No Dia de Pentecoste, Pedro chamou o povo à se arrepender. Ao matar Jesus, eles se mostraram membros de um outro reino, servindo a um deus da sua própria criação. Jesus havia dito: “Vocês tem uma boa maneira de pôr de lado os mandamentos de Deus, a fim de obedecerem às suas tradições!” (Marcos 7. 9). Ao
criar as suas próprias tradições, eles estavam criando um deus à sua própria imagem, em vez de se submeterem ao verdadeiro Deus revelado pelos profetas. Em seguida, Pedro falou sobre Jesus citando profecias do Antigo Testamento. Ele encerrou sua mensagem dizendo: “Deus ressuscitou esse Jesus …, Deus fez este Jesus a quem vocês crucificaram, Senhor e Cristo” (Atos 2.32-33; 36). Os ouvintes ficaram aflitos em seu coração.” Eles perceberam que não estavam seguindo o Deus verdadeiro. Eles não tinham percebido que Jesus veio de Deus. Este Jesus a quem eles rejeitaram mostrou ser o Messias. Com a ressurreição de Jesus eles reconheceram a verdade. Eles perguntaram a Pedro e aos outros discípulos: “Irmãos, o que devemos fazer?” Pedro lhes respondeu: “Arrependam-se e sejam batizados.” (Atos 2.38).
Mais tarde, em Atenas, Paulo ficou angustiado ao ver todos os ídolos na cidade. Para os filósofos gregos, Paulo falou sobre o Deus desconhecido, que era o Criador de todas as coisas e de quem todos somos dependentes. Ele concluiu com estas palavras:
“Assim, visto que somos descendência de Deus, não devemos pensar que a Divindade é semelhante a uma escultura de ouro, prata ou pedra, feita pela arte e imaginação do homem. No passado Deus não levou em conta essa ignorância, mas agora ordena que todos, em todo lugar, se arrependam. Pois estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo com justiça, por meio do homem que designou. E deu provas disso a todos, ressuscitando-o dentre os mortos” (Atos 17. 29-31).
Este foi um chamado urgente para deixar deuses falsos para servir ao Deus verdadeiro.
Arrependimento significa transferir lealdade de deuses falsos para o Deus verdadeiro. Quando imigrantes se tornam cidadãos, eles juram lealdade ao nosso país. Eles juram: “Eu juro lealdade à Bandeira e à Federação do Brasil.”. Ao dar o passo para vir ao Brasil, eles se “arrependeram”, mudaram de ideia. Decidiram que não havia mais futuro em sua nação natal. Decidiram se tornar parte de um novo país com um novo modo de vida. Eles transferiram sua lealdade do país antigo para o novo.
João em sua primeira carta (2.15-17) nos diz: “Não amem o mundo nem o que nele há.” Como é o mundo? É dominado pela “cobiça da carne”, prazer sexual, vícios de todo tipo e o desejo de satisfazer os apetites do corpo. Também, o mundo está cheio da “cobiça dos olhos”, levando-nos a cobiçar a última novidade e prometendo que isso nos dará felicidade e satisfação. E os do mundo são caracterizados pelo orgulho da vida, pela procura de poder, posição e louvor. João conclui escrevendo: “O mundo e a sua cobiça passam, mas aquele que faz a vontade de Deus permanece sempre.” Ou, como Pedro diz, “Amados, insisto em que, como estrangeiros e peregrinos no mundo (Somos cidadãos do céu.) vocês se abstenham dos desejos carnais que guerreiam contra a alma” (1 Pedro 2.11). Por não amar o mundo ou qualquer coisa no mundo, estamos nos arrependendo. Estamos transferindo nossa lealdade de um reino que não tem futuro para um reino que garante a vida eterna.
Perto do fim de sua vida, Frank Sinatra, um cantor popular da América do Norte, escreveu uma canção que termina com essas palavras. São as palavras de uma alma impenitente:
Pois o que é o homem, o que ele tem?
Se não é ele mesmo, então ele não tem nada,
Para dizer as coisas que ele realmente sente
E não as palavras de alguém que ajoelha-se.
O registro mostra que eu levei os golpes
E vivi a vida do meu jeito, do meu jeito
Ele diz que muitos americanos como ele ecoam suas palavras: “Eu digo o que sinto. Eu obedeço a mim mesmo. Eu faço o que quero. Em consequência, posso sofrer, mas isso não importa, está bem. Eu faço do meu jeito.
Ouça a pergunta sondadora de Jesus: “Que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder sua alma?” (Marcos 8.36). Arrepender-se significa “dizer as palavras de alguém que ajoelha”. Não quero mais fazer do meu jeito. Eu farei tudo do teu jeito, ó Senhor.
Precisamos mudar de direção. Jesus contou a história de um filho rebelde que foi embora e, quando caiu em si, voltou a seu pai. Porque o filho não gostava das regras de seu pai na fazenda, ele pegou a riqueza de seu pai e a desperdiçou em festas e farras. Seus amigos nada mais eram do que parasitas que sugavam a vida dele. Eles o viciaram com drogas, álcool, sexo e na busca de sucesso e fama mundana. Como resultado, ele perdeu a família e tudo de valor e se tornou escravo de um criador de porcos. Lá, ele desejou comer a forragem que os porcos comiam, mas nem isso lhe deram. Finalmente, depois de cair no fundo do poço, ele voltou a si. “Caindo em si, ele disse: “Quantos empregados de meu pai têm comida de sobra e eu aqui, morrendo de fome! Eu me porei a caminho e voltarei para meu pai e lhe direi: Pai, pequei contra o céu e contra ti. Não sou mais digno de ser chamado teu filho; trata-me como um dos teus empregados. A seguir, levantou-se e foi para seu pai.” (Lc 15.17-20). Ele voltou, disposto a ser um servo e servir seu pai. Ele deixou de querer servir a si mesmo para querer servir a seu pai.
Não é fácil para alguém identificar seu falso deus e se afastar dele. Pode começar com remorso por fazer algo errado e sofrer as consequências. Durante uma sessão de aconselhamento um preso às vezes dizia: “Eu simplesmente não posso me perdoar”. Além de estar preso por alguma infração, ele foi abandonado por uma esposa, que se divorciou dele e persuadiu um juiz a proibir visitação aos filhos. Ele estava arrependido e prometeu nunca mais fazer isso, mas era tarde demais para recuperar o que havia perdido. Isso tudo é importante, mas não está arrependimento completo.
O importante aqui é ajudar a pessoa a entender que seu pecado é acima de tudo contra Deus. Ele pode ter ferido os outros e a si mesmo, mas isso é secundário perante a ofensa contra Deus. O Salmo 107 diz: “Assentaram-se nas trevas e na sombra mortal, aflitos, acorrentados, pois se rebelaram contra as palavras de Deus e desprezaram os desígnios do Altíssimo. Por isso ele os sujeitou a trabalhos pesados; eles tropeçaram e não houve quem os ajudasse. Na sua aflição, clamaram ao Senhor e ele os salvou da tribulação” (Salmo 107.10-13). “Que eles deem graças ao Senhor, por seu amor leal e por suas maravilhas em favor dos homens.” (107.15).
Uma pessoa pode não ser capaz de perdoar a si mesma. O que ela precisa é do perdão de Deus e, em seguida, uma aceitação da disciplina de Deus em sua vida. Tanto Judas quanto Pedro tinham uma agenda para o Messias além da que Jesus delineou para si (Mateus 16.21-23). Judas traiu Jesus e não podia perdoar a si mesmo, nem podia enfrentar os outros discípulos; então ele saiu e se matou. Pedro negou Jesus e saiu, chorando amargamente (Lucas 22.62). Judas não estava servindo a Jesus; ele nunca o servia. Ele pretendia lucrar com a sacola de dinheiro dos discípulos, a conta de despesas deles, por assim dizer (João 12.6). Pedro estava servindo ao Senhor e ele voltou ao Senhor por graça e perdão de Deus. Não somente foi ele perdoado, mas foi restaurado à liderança dos apóstolos (João 21.15-17). Paulo escreveu: “A tristeza segundo Deus não produz remorso, mas sim um arrependimento que leva à salvação e a tristeza segundo o mundo produz morte” (2 Coríntios 7.10). Lamentar o mal e sofrer as consequências não é suficiente. Precisamos sentir pena de um relacionamento quebrado com Deus e retornar a ele. O arrependimento mundano leva à autopiedade e autopunição. O arrependimento para com Deus produz paz por causa do pagamento pelos nossos pecados por Cristo na cruz.
